Pintura de estreia de Michelangelo foi feita aos 12 ou 13 anos de idade

O Tormento de Santo Antônio - Michelangelo
Foi o artista certo no lugar certo e na hora certa

Quando tinha 12 ou 13 anos, Michelangelo Buonarroti (1475- 1564) usou óleo e têmpera sobre uma tela de madeira e pintou seu primeiro quadro. Chama-se O Tormento de Santo Antônio. A suspeita é antiga, mas só depois da remoção das camadas de tinta aplicadas por antigos restauradores e das análises de raio X e infravermelho, chegou-se ao veredicto de que se trata, de fato, da tela de estreia de Michelangelo. A imagem que o artista escolheu para pintar é cópia de uma gravura feita cerca de uma década e meia antes pelo alemão Martin Schongauer (1448-1491). Mas é possível perceber que a gravura de Schongauer é artisticamente superior à tela de Michelangelo. Gravurista de mão-cheia, Schongauer dá mais dinamismo aos demônios que parecem impedir Santo Antônio de ascender aos céus e define-lhes os contornos com uma exatidão ao mesmo tempo aguda e graciosa. O atraente, nessa comparação, é que nem Michelangelo, nem mesmo ele, o artista genial, nasceu pronto.
Seus afrescos, como os pintados no teto e na parede do altar da Capela Sistina, no Vaticano, são icônicos, deslumbrantes. As esculturas, como Pietà, Moisés e David, são tão esplêndidas que parecem transformar mármore em carne. Mas, vendo-se de onde Michelangelo partiu – sua primeira pintura é excelente para um garoto de 12 ou 13 anos, mas imatura, tateante, promissora –, é inevitável indagar como é que atingiu mais tarde alturas tão enormes. A resposta, aparentemente, é uma soma de talento excepcional com circunstâncias históricas também excepcionais. Tanto que Michelangelo só rivaliza mesmo com seus contemporâneos – entre eles, Leonardo da Vinci (1452-1519), um dos primeiros a ver e se maravilhar com seu David, de mais de 5 metros de altura. Nem o mais favorável ambiente físico e cultural produz a genialidade de um 
Michelangelo ou de um Da Vinci, mas circunstâncias muito adversas podem exterminar um gênio artístico. Michelangelo teve tudo a seu favor: foi o artista certo no lugar certo (a península itálica) e na hora certa (em pleno Renascimento).

Adaptado do texto de André Petry

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